Rubens Júnior

Jean-Jacques Rousseau, filósofo político e educacional e a Suficiência das Escrituras

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"(...) digo ainda mais: a suficiência das Escrituras me deixa pasmo de admiração, na medida em que a pureza do Evangelho exerce sua influência sobre o meu coração. Investiguemos as obras dos nossos filósofos, com todo o seu pomposo estilo, e veremos quão mesquinhas e desprezíveis são quando comparadas às Escrituras! Um livro, ao mesmo tempo tão simples e tão sublime, poderia ser obra apenas humana? Seria possível que o personagem sagrado, cuja história as Escrituras narram, tenha sido Ele mesmo apenas um homem? Acaso descobriríamos que assumiu a pose de um entusiasta ou de um sectário ambicioso? Quanta pureza e doçura em suas maneiras! Quanta graça contagiante em seus discursos! Quão grande a sublimidade de suas maravilhas! Quão profunda a sabedoria de seus sermões! Que presença de espírito! Que sutileza! Quantas verdades em suas respostas! Quão grande o domínio sobre suas paixões! Onde está o homem, onde está o filósofo que poderia ter vivido e morrido como Ele viveu e morreu, sem manifestar fraqueza ou ostentação? Haveríamos de supor que a narrativa do Evangelho não passa de ficção? Na verdade, meu amigo, ela não apresenta as marcas da fábula.

Pelo contrário, a história de homens como Sócrates — que ninguém presume em duvidar — não é tão bem atestada quanto a de Jesus Cristo. Os autores judaicos eram incapazes e totalmente alheios à elevada moral contida nos Evangelhos. As evidências da autenticidade são tão notáveis e invencíveis que um mero inventor seria um personagem ainda mais admirável que o próprio herói
".

Isso aí é Jean-Jacques Rousseau, discursando no famoso "Lettre de la montagne" (Carta da Montanha), parte de sua obra Émile, publicada em 1762. É ele que solta esse elogio vertiginoso dos Evangelhos, colocando-os como simples, sublimes, superiores aos filósofos — um impulso do coração que desafia a frieza da razão pura. Então, o cara que falou isso foi Jean-Jacques Rousseau, e ele não falou num sermão, mas na ficção filosófica didática do Émile, mais precisamente na seção “Lettres écrites de la montagne” (Cartas escritas da montanha), onde mistura teoria política, pedagogia e espiritualidade — jogando um contraste brutal entre a Escritura e o pomposo saber dos filósofos.

Resumindo: Rousseau, em “Lettres écrites de la montagne”, parte do Émile, presenteia os Evangelhos com esse elogio quase hipnótico.

FONTE: Emílio, ou Da Educação (em francês: Émile, ou De l'éducation) - Jean-Jacques Rousseau

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